sábado, 25 de outubro de 2008

CORRA, JOÃO, CORRA!

Sempre que vejo o prefeito João Henrique invariavelmente me lembro do personagem Forrest Gump, o rapaz com QI abaixo da média que, por obra do acaso, consegue participar de momentos cruciais da história recente norte-americana. Somente assim é possível compreender como uma figura débil mental (com todo respeito aos débeis mentais). Ele conseguiu, não se sabe como, estar no lugar certo em momentos cruciais da história baiana dos últimos 10 anos e se eleger e reeleger prefeito da 3ª maior cidade do Brasil.

Comecemos do começo. João Henrique Carneiro (o sobrenome é intencional???) Barradas é filho de João Durval, ex-governador carlista e ele próprio, ex-carlista. Conhecida historinha da época em que papai mandava: Janjão Gardenal ocupava um cargo no Estado, não sei qual. Por alguma razão foi criticado, e esperneou publicamente dizendo que "iria contar pra mainha que estavam falando mal dele!". Sim, senhoras e senhores, essa foi uma história real. Inclusive na primeira vez em que foi eleito participou de um debate, essa história foi colocada e ele não negou. Justificou que era muito jovem na época.

O primeiro cargo eletivo foi o de vereador, após ter impetrado "importantíssimas" ações na justiça contra a cobrança de estacionamento nos shoppings; proibição do uso de radares e fotossensores na cobrança de multas; contra a taxa de lixo e por aí vai. Na mesma leva foi eleito deputado estadual. Corra, Forrest, corra! Candidatou-se umas duas vezes a prefeito, sem sucesso, sempre com as mesmas bandeiras. Taxa de lixo, estacionamento nos shoppings blá-blá-blá... Vai Forrest...

Em 2004, finalmente a hora e a vez de João Henrique Carneiro. O Carlismo está em franco declive. Lança César Borges, um político pra lá de queimado, com uma ficha enorme de serviços prestados ao seu babalorixá, Toinho Magalhães. Ou seja, o carlismo em forma de gente. O PT desde aquela época já refém dos "partidos da base", lança como candidato Nelson Pellegrino, político já desgastado, eterno candidato à prefeitura e pra piorar sem apoio do governo federal. Em quem votar, em quem votar? João! Vai Forrest... E lá vai ele, sem saber como nem porquê, consegue se eleger prefeito pelo PDT. Mas... O que é mesmo uma prefeitura Forrest? Ops... Resultado, João faz uma das piores gestões que essa cidade já viu, ou melhor, não fez. Descobriu que administrar uma cidade é muito diferente de impetrar ações. Então sumiu. Durante 3 longos anos, Janjão desapareceu... E 3 anos é muita coisa...

Greve de ônibus, a cidade parada durante 1 semana, cadê João? Ninguém sabe, ninguém viu... Quase 1 dezena de mortos em enchentes. Cadê João, alguém viu? Todos os terceirizados estão sem receber João, cadê você?? Corre Forrest, dessa vez de medo... A cidade vira um caos, o lixo não é recolhido; falta merenda nas escolas e médicos nos hospitais; os funcionários públicos entram em greve, por quase 1 mês e nada de João...

Minto, minto, uma vez ele apareceu. Durante a polêmica sobre as barracas de praia. João Maracujina reaparece. E chora. Chora muito. Que IBAMA é esse, meu irmão, que embarga as obras das barracas de praia de Janjão? Tão formosas, praticamente casas no meio da praia com alvenaria, telhado e piso de cerâmica e tudo que um lar tem direito. Tão graciosas... Chora não João, você é um homem à frente do seu tempo. No futuro compreenderão seus esforços.

A essa altura João Forrest, Henrique Gump... João Henrique é o prefeito mais impopular do Brasil, com o maior índice de rejeição entre as capitais. Na verdade João Colírio Alucinógeno não é muito ligado nessas coisas não. Aliás, ele não é ligado em nada. Como todo cristão que se preze, é um homem extremamente despreendido. Despreendido inclusive da prefeitura, que em verdade é uma casinha de vidro muito da feia. O que ele quer mesmo é fazer o bem. Quer tanto que lança no final de 2007 um Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental para Salvador, disseram a ele que isso era uma coisa legal de se fazer e além do mais ele achou o nome bonito, Plano Diretor... Disseram-lhe ainda que era um homem de visão e João acreditou. Passou inclusive a usar óculos. E João viu. Viu o futuro: prédios enormes na Orla; A Avenida Paralela que é só mato, cheinha de prédios, enorme, vistosos, bonitos. Forrest ri.

A essa altura, já que se transformou num grande homem de visão, o PDT é pequeno demais para ele. Sai e filia-se ao PMDB. Ou o PMDB se filiou a ele... Não sabe ao certo. É tudo meio "confuso". O Fato é que ele é, de novo, o homem errado no lugar certo. Geddel Base do Governo Vieira Lima vê em João uma oportunidade de ter a prefeitura de Salvador em suas mãos. João Água com Açúcar tá meio cansado e não vai se importar de emprestra a prefeitura só um pouquinho.

Pois então, no último semestre de sua gestão com ajuda do PMDB, com as verbas do ministério da Integração Nacional, e como muita, muita fé em Deus, Salvador-iô-iô vira um "mar de obras". Banho de luz, banho de asfalto, merenda nas escolas, mais banho de luz, mais banho asfalto e é claro, o ônibus amarelinho que faz percursos de 500 metros "por apenas 1 real".

Aproximam-se as eleições e quatro fortes candidatos anunciam-se: o ex-prefeito Imbasshay, ex-carlista; ACM Grampinho, o Neto do carlismo; Walter Pinheirinho, deputado do PT. João Haldol, claro. Corra, Forrest! E Hilton 50, é claro, mas esse ainda não entra na história. Ainda.

Resumindo: Grampinho não conseguiu sair do patamar histórico do carlismo. E ficou de fora. Imbasshay, base do governo baiano mas oposição ao governo estadual. Se lenhou, ficou no limbo sem poder falar mal de ninguém. Pinheiro fica com os 30% de sempre do PT em Salvador, consegue chegar ao 2º turno junto com... Quem? Ele mesmo. Janjão Rivotril. Mas ele não era completemente impopular? Era, não é mais. Com tanto banho de asfalto, banho de luz, mais o ônibus amarelinho que faz percursos de 500 metros "por apenas 1 real", mais uma campanha extremamente agressiva capitaneada por Geddel Base do Governo Vieira Lima, consegue chegar também ao 2º turno. Corra, corra!

Mais do mesmo: Pinheiro, candidato do PT, sem o apoio do governo central e visivelmente constrangido com as amarras que ser "base do governo" lhe impunham. Mais um marketing completamente recuado; mais um apoio muito de meia-boca do governo estadual, que só resolveu entrar na disputa mesmo na última semana da campanha. E ainda assim, não para ajudar o pobre Pinheirinho, mas porque vislumbrou o evidente desastre de 2010, com Geddel Base do Governo Vieira Lima com a prefeitura da capital e um ministério abonadíssimo nas mãos. Mais o silêncio de Lula. Quem cala, consente? Já era tarde. Janjão Diazepan ganhou. É verdade que ele não sabe ao certo como, nem o quê. Mas ganhou e continua correndo. E Titio Geddel vai dar uma forcinha e explicar algumas coisinhas. Ele prometeu...

Pois é isso meu povo. Num dado momento do filme Forrest corre, não sabe o porquê, mas corre e milhares de pessoas o seguem. Uma dos corredores pergunta a outro por que estão correndo, ele responde que não sabe, que está correndo porque Forrest corre. Então... Essa é a população de Salvador. Forrest somos nós, Forrest é nossa voz.

Tainá Moraes

10 comentários:

Rockabillie disse...

Rapaz, isso é que é feeling...

Enquanto eu aconselhava, a mulher já tava fazendo o blog...

Rockabillie disse...

Mas, Trairá... Cadê a tua curriola, que ainda ñ veio aqui comentar?

Precisa divulgar essa bagaça.

Vou espalhar pra todo mundo: Rodrigo Ama Xita, Ricardo Chapada dos Guimarães, Mestre Walter-inga, Pablito, Karime, Cheng, Alana...

para davi disse...

Se gritar pega ladrão, não fica um, meu irmão! Pega João!
"O prefeito reeleito de Salvador, João Henrique Carneiro, foi assistir ao jogo do seu time, o Vitória, e teve a carteira furtada quando chegava ao Estádio Manoel Barradas para acompanhar a partida do rubro-negro contra o Flamengo, na noite de quarta-feira, 29". (Jornal A TARDE, 30/10/2008)

Rockabillie disse...

Que falta de sorte... Assaltado no estádio do vovô...

tainá moraes disse...

Pois então, estão me acusando e tudo S. Rockabilly...

tainá moraes disse...

"A TARDE de hoje explica porque o prefeito João Henrique (PMDB) teve sua carteira furtada - embora ele esteja um pouco ”confuso”, dizendo que ela pode ter sido perdida -, no Barradão, no último domingo. Segundo o jornal, assessores da Prefeitura informaram que o prefeito chegou ao estádio em carro oficial e foi autorizado pela SET a seguir pela contramão (veja bem: autorizado pela SET a seguir pela contramão), o que causou protestos da população. Diante disso, João decidiu seguir a pé até entrar no estádio, contrariando a recomendação da segurança (que não devia saber que ele portava cartões de três bandeiras - Visa, Mastercard e Amex - nem R$ 400 em espécie). É o velho João!"

Site Política livre

Rockabillie disse...

Ei, Trairá! Yamashita votou em João, viu?

tainá moraes disse...

Hum... Tô desconfiada de que quem votou em Janjão Rivotril foi Josiasinho Paz e amor...

Anônimo disse...

Rapá... agora eu me emocionei! Sério... fiquei emocionada lendo esse texto!
Fui procurar sobre os remédios controlados do João Bobão e me deparei com essa pérola na net! Já mandei o link para alguns amigos, mas vou continuar na minha luta de divulgação - para o Brasil e para o mundo - sobre a majestosa administração de um bolha. Temos que divulgar todos os feitos de João, desde o belo jardinzinho do ex-clube português, ao famoso Banho Tcheco de Asfalto.

Parabéns pelo texto!

tainá moraes disse...

Valeu, Isadora! Mas, falando em Janjão Gardenal, cadê ele???